27/11/2010

Elogio da Política

"Elogio da Política" é um livro de Mário Soares escrito em 2009, já em plena crise económica, e publicado no mesmo ano pela Sextante Editora.
Tal como o próprio autor refere, «não é uma obra de ciência política». E de facto não o é podendo dizer-se que o maior número de páginas é ocupado com o relato muito sintético, por vezes limitado a uma frase, de factos históricos desde os tempos Gregos, onde aborda conceitos como Política, República e Democracia, passando pelas revoluções Americana e Francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade), não esquecendo os seus teóricos, terminando na actual crise mundial.

No entanto, essa breve passagem pela história não se trata apenas duma descrição de factos. Prepara o leitor com pontos de referência para, entrando o texto no século XXI, acompanhar a reflexão feita pelo autor nos objectivos a atingir com vista à saída das várias crises que o Mundo atravessa actualmente: ambiental, belicista, económica, financeira, social, ética e política.
Crises aumentadas e alimentadas por uma globalização rápida e completamente desregulada.

Naturalmente que as soluções não são, nem o poderiam ser apontadas num trabalho destes, mas Mário Soares mostra-nos que o caminho passa obrigatoriamente pela necessidade dos Estados e da Sociedade repensarem a Política e as Organizações não só no nível nacional como também no actual panorama internacional (ONU, FMI, BM, OMC, etc.).

Um livro que recomendo porque, de forma descontraída, somos conduzidos a uma reflexão daquilo que foram as Políticas do passado, as do presente e aquelas que pretendemos para o futuro.
Por estar «na moda dizer mal da política. E, por extensão, dos políticos e dos partidos» este livro torna-se importante para contrariar a tendência de «dizer mal da política, sobretudo quando as coisas não correm de feição».

Fica a sugestão.


23/11/2010

Greve? Não obrigado!

Apesar de reconhecer que as coisas não estão bem, consciente de que poderiam ainda estar piores, acho que uma greve geral ou parcial nesta altura pouco ou nada vem acrescentar de bom... Além disso, aqueles que acusam o Governo de tomar medidas sem olhar os exemplos da Grécia e da Irlanda, acabam também eles por não seguir o seu próprio conselho: considerar os exemplos dados por esses mesmos países. Até hoje, ainda não consegui que nenhum dirigente sindical, ou outro, me explicasse o que acrescentaram de positivo as greves realizadas nesses países. O que acrescentaram de mau eu vi e percebi... agora o resto, ainda está por esclarecer!

Depois vemos o jogo das duas centrais sindicais portuguesas. João Proença (UGT) disse que «Achamos que o OE deve ser aprovado na Assembleia da República, mas porque é um mal menor, uma vez que achamos que é um mau orçamento». Já Carvalho da Silva (CGTP-IN) também gostava de ver o OE2011 aprovado pois «Há formas diversas de o governo conseguir encontrar caminhos que viabilizem o orçamento».

Afinal, parece que ambos convocam uma greve geral para combater (!?) aquilo que desejaram ver concretizado...

Mas ainda que os jornais tivessem deturpado as palavras dos líderes sindicais (o que acontece vezes demais no nosso jornalismo) tive uma oportunidade flagrante de ouvir as explicações de 2 dirigentes da organização sindical na qual estou filiado. Confesso que se tivesse, inicialmente, uma vontade de participar nesta acção de protesto, essa vontade desfazia-se naquele momento. Fui, conjuntamente com mais alguns dos presentes naquele plenário, brindado com justificações para a greve como: «todos os escalões da administração pública vão levar cortes nos vencimentos»; «o governo prepara-se para abrir a porta a que os privados façam o mesmo» (o que já ficou claro que não irá acontecer); «estas medidas de austeridade não serão as únicas e são impostas pelo Clube Bilderberg, onde esteve Teixeira dos Santos e só 1 jornal é que falou nisso»; «existe a intenção do governo em ter números de desemprego altos»; «que a nacionalização do BPN foi só proteger alguns poderosos envolvidos no problema de polícia» (ainda que não tivessem sido capazes de explicar as consequências de não ser nacionalizado); ou até mesmo que «a transferência dos fundos de pensão da PT para a Segurança Social foi tapar um buraco da PT que não tinha o dinheiro» (ainda que não se percebesse então por que razão o acordo teve o aval dos sindicatos); entre outras coisas.

Serão estes os argumentos que fundamentam uma greve? Seja esta ou qualquer outra?

Se for para fazer uso do direito consagrado no artigo 57º da Constituição da República Portuguesa contem comigo, mas só com objectivos e motivos claros, coerentes e bem definidos. Em greves só 'porque sim', não alinho.

13/11/2010

Dois pesos, duas medidas e uma certeza

As presidenciais estão quase aí. 23 de Janeiro é o dia de decidir o lugar na Presidência da República.
As escolhas possíveis são claras: optar pela mudança, ou optar pela continuidade agravada pelo facto de se tratar do segundo mandato.

A minha opção é clara: MUDANÇA. Com Cavaco Silva como Presidente da República foi Portugal que saiu a perder. E, pior que isso, não sabe qual é o papel dum Presidente na República!
Um político profissional que diz não ser. Uma pessoa que se diz isenta mas que não sabe ser.

Para quem ainda tem dúvidas, o artigo de opinião de Daniel Oliveira retrata bem o tratamento que é dado ao Candidato-Presidentes e aos restantes candidatos.

«A Alegre pergunta-se sobre as suas relações com o Partido Socialista. Cavaco está isento de explicar as suas interferências crónicas, a partir de Belém, na vida interna do maior partido da oposição, de que a participação directa na escolha do representante do PSD nas negociações do Orçamento, numa clara violação do seu dever de neutralidade, foi o último exemplo. Cavaco é independente, mesmo que nunca o seja.
[...]
A todos os candidatos se fazem perguntas sobre as suas incongruências, as suas contradições, os seus erros passados, presentes e futuros. Cavaco passeia sem nunca ter tido de explicar os seus delírios sobre umas escutas que imaginou e que depois negou sem realmente negar.

Cavaco faz, há décadas, política sem debate, propaganda sem perguntas difíceis, erros sem censura mediática. E basta ler os jornais para perceber que a tradição vai continuar a ser o que era.»
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